Haendel – obras inéditas para órgão

interpretadas por Antoine Sibertin-Blanc no órgão da Sé de Lisboa

 

 

A história

“Originalmente compostas para um relógio com mecanismo de órgão, as dez breves peças inéditas que introduzem o presente CD foram-me reveladas absolutamente por acaso. Foi em abril de 1974, quando o proprietário do relógio em questão, o Senhor Pedro Felner Costa, desejoso de mandar restaurar o mecanismo do mesmo, me mandou realizar uma gravação a partir dos manuscritos dos quais me submeteu os fac-similés. O Senhor Pedro Felner Costa, cuja família possuia o referido relógio em Londres desde há muitos anos, não deixou de chamar a minha atenção para o facto de estas composições serem da autoria do próprio Haendel, como atestam os documentos históricos ligados a este autêntica peça de museu”.

 

VOCÊ SABIA?

A peça de órgão no film Gemma Bovery de à realizadora Anne Fontaine é o concerto de órgão em sol menor n°1 Andante de Haendel, interpretado par Antoine Sibertin-Blanc nesse CD !

Avaliei logo o interesse da descoberta, tanto mais que, no meio da obra imensa do compositor, esta suite de « peçazinhas » constitui um exemplo único, não parecendo a sua função utilitária e o seu lado pitoresco em nada terem travado a sua imaginação criativa.

Quanto à sua apresentação no contexto do presente CD, se, concebidas originalmente para pontuar o tempo de hora em hora, ou seja, separademente, estas obras se encontravam, por outro lado, do ponto de vista da sua concretização sonora, submetidas às limitações do jogo, provávelmente único, do relógio em questão, a situação é aqui, naturalmente, completamente diferente.

Com efeito, ao libertá-las, para a ocasião, dos constrangimentos e limitações da sua função primeira, e ao reuni-las em forma de Suite, revelam-se na sua pureza primitiva e no encanto da sua surpreendente diversidade, oferecendo-nos todas as possibilidades, no órgão de interpretá-las em função do seu carácter e com a sublileza sonora de uma registação tão judiciosamente seleccionada quanto possível.

Foi o grande órgão da Sé Patriarcal de Lisboa que escolhemos para as apresentar aqui. Trata-se de um instrumento de estilo neo-barroco, construido em 1965 pelo Mestre-Ornaneiro A.Flentrop.

Para completar o CD, aproveitámos a ocasião para interpretar algumas obras barrocas da Escola nórdica.

Em primeiro lugar, do Neerlandês J.P. Sweelinck (1562-1621), Variações sobre « Mein junges Leben hat ein End ».

Depois, do Dinamarquês D. Buxtehude (1637-1707), a Chacona em mi menor. A seguir, reencontramos G.Fr. Haendel com o seu concerto n°1 em sol menor, numa versão para órgão solo, e com uma das suas suites para teclado, em mi menor.

Concluimos com uma improvisação livre.

 

Antoine Sibertin-Blanc